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sexta-feira, 27 de maio de 2011

A crise é dos jornais - e não do jornalismo

    Gay Talese, escritor e jornalista, ficou reconhecido pela criação do "novo jornalismo", além de perfis memoráveis como o texto que escreveu sobre Frank Sinatra, publicado pela revista Esquire em 1966 desempenhando sua função de jornalista e pela autoria de onze livros, como O Reino e o Poder, The New York Times e A Mulher do Próximo. Em entrevista a revista Veja, Talese fala sobre a postura dos repórteres ao cobrir grandes acontecimentos e a conduta mediante ao governo.
Gay Talese já ganhou 10 milhões de doláres com seus livros.
     Para Talese, a imprensa americana caiu na lorota de que havia armas de destruição em massa no Iraque devido a três razões. Primeira: estavam amedrontados pelos ataques a Nova York em 11 de setembro de 2001. O que possibilitou a George Bush ganhar enorme poder e credibilidade. A imprensa, muito incrédula e ingênua, entrou no clima. Segunda razão: a imprensa se sustenta por publicidade e ser anti-Bush naquele momento era como ser anti-patriótico. E a ultima razão para Talese é que os repórteres eram muitos céticos, diferentemente dos repórteres que cobriram a Guerra do Vietnã nos anos 60.
    Ao falar sobre a nova geração, Talese se mostra descrente. De acordo com o jornalista, os repórteres que estavam em Washington em 2002,  foram educados nas mesmas escolas que pessoas do governo. São repórteres prontos para acreditar no governo, sem pedir provas e evidências. "É rídiculo. Um repórter deve prestar contas ao seu jornal, e não ao coronel que está protegendo a sua vida." Talese ainda acrescenta que se os repórteres de hoje trabalhasse como os repórteres da sua época, o Times não teria caido na lorota do Iraque e tratado como informação o que era apenas desinformação e propaganda.
    Ao relacionar imprensa e governo, o jornalista declara que o governo usa a imprensa mais do que a imprensa usa o governo, a solução para ele é eliminar 50% a 60% da sucursal de Washington e enviar os repórteres para outros lugares do país, o que evitaria o governo de controlar o discurso político.
     Sobre as novas tecnologias como a internet, o jornalista afirma que o publico de hoje é informado de modo mais estreito e direcionado. Os jovens ao utilizar a internet, recebem uma informação de modo
muito objetivo. " Eles têm uma pergunta na cabeça, vão ao Google, pedem a resposta, e pronto." A informação pela internet, pode ser bem sucedido, ter muito dinheiro, mas jamais terá uma visão ampla do mundo.

    Gay Talese declara que a crise dos jornais americanos não é uma crise do jornalismo americano. "As pessoas esquecem que os jornais vão e vêm. O jornalismo, não." As pessoas precisam de notícias, se manterem informadas, e os jornalistas são responsáveis por isso, por trazer a notícia à elas. Talese aconselha a um jovem que se interesse por honestidade e não queira ganhar muito dinheiro,  a seguir a profissão de jornalista. Há jornalista corrupto, mas a diferença é que os jornalistas não toleram mentirosos entre eles. "Acho uma profissão honrosa, honesta. Tenho orgulho de ser jornalista."